Projeto para a Colina está a passar "ao lado" dos moradores

O presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado, que administra parte da Colina de Santana, considera que a população que ali reside esteve afastada do debate sobre o futuro daquele território que tem vindo a decorrer desde dezembro na Assembleia Municipal de Lisboa (AML).
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Hoje, o parlamento da cidade aprecia, a partir das 15.00, um projeto de deliberação sobre o tema para apresentar à câmara municipal (CML).

Foram cinco os debates temáticos que, entre 10 de dezembro e 11 de março, abriram as portas da AML à participação dos cidadãos, mas terão sido poucos os habitantes da Colina de Santana que estiveram presentes nas sessões agendadas para o final da tarde. "Não houve um contacto direto com os moradores. Se lhe fossem bater à porta...", desabafa Vasco Morgado, ressalvando que a junta de freguesia que lidera tentou colmatar a questão com editais e anúncios de que a discussão estava a decorrer.

"A população da Colina de Santana é maioritariamente mais sénior e esta mudança está-lhe a passar um bocado ao lado", lamenta o autarca, antes de lembrar que em causa estão residentes "que pouco ou nada usufruem dos hospitais" ali instalados: São José, Santa Marta e Santo António dos Capuchos.

O anunciado encerramento dos equipamentos, a acrescentar aos já desativados Miguel Bombarda e Desterro, e a sua reconversão em hotéis ou em prédios de habitação têm estado no centro do polémica, com diversos profissionais de saúde e representantes de associações de urbanismo e arte a criticarem reiteradamente o projeto.

"Gostaria que tivesse havido mais gente em defesa da mudança. Penso que foi um debate bastante desequilibrado", confessa ao DN Vasco Morgado, sem esconder que, apesar disso, faz um balanço "positivo" da iniciativa. "A participação da sociedade é sempre benéfica", justifica o autarca.

Os contributos terão a forma de um projeto de deliberação, hoje apreciado pela AML e sobre o qual os grupos municipais não conseguiram chegar a consenso. Entre outros aspetos, a mesa propõe que seja recomendado à CML que dirija, com o acompanhamento do parlamento da cidade, um Programa de Ação Territorial que envolva o Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado da Cultura, as universidades, a Santa Casa Misericórdia de Lisboa e a Estamo, proprietária dos hospitais. No documento, seriam estabelecidos vários objetivos, que a AMLquer validar e a que qualquer Pedido de Informação Prévia teria de obedecer. Atualmente, há já quatro cuja análise está suspensa na CML.

A garantia de que haverá habitação a custos controlados, de que só encerrarão mais equipamentos de saúde após a abertura do Hospital de Todos-os-Santos (Marvila) e de que serão criados um ou mais museus são outras das propostas para o território que integra também a freguesia de Arroios. O DN tentou, sem sucesso, obter um comentário da sua presidente de junta.

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